quinta-feira, 27 de agosto de 2009

no tabuleiro, um eclipse .


no tabuleiro, um eclipse .

outros santos na lenda dourada, das onze mil virgens e do anjo das anunciações: a primeira da vida, a segunda da morte. nenhuma da ressurreição.

o um das fileiras, desistido. este último, dupla sombra, é fabricante do ermo confesso,
habitante do deserto, amigo festivo e inabitável: seco, mas com água dentro.

o retrato suspenso: silêncio. gente que casa a filha.
instável a risada da velha: princesa serena.

hora terça: hermes trimegisto, o tocador de órgão no chão de ladrilhos a arquitetura da prisão em pedaços de papel: não há descortesia nisto. demasiado aleijado, infelizmente.
senhor do mundo coroado de vergonha, arrependido de coração: corpo de ofício.

tranqüilidade duradoura no campo raso: amantes pobres.
precário: deitado no chão à margem, adoração.

sujidade: de joelhos diante dos olhos, o comensal de lembranças.
o copo de água do vigia da pinacoteca. murmúrio e recato: benta artemage.

boa ocasião para aquele que escreve linhas tortas: hosana. sono pesado, verdes de inveja.
última pedra do pintor de domingo, uma possibilidade. riso súbito: aparência.
o vigarista e o piedoso em acidentais cotidianos.

dentro é um quarto: capim santo. farsa.
conversa do outros: monolitos e a carroça dos meninos: loucos de pedra.

mastigar o amolador. o artista de plástico desaparecido no espaço entre duas casas.
o aguadeiro quasi-sympático e a senhora com chapéu e sombrinha.
a guarda velha da pensão e o quebranto nos baús de queixas.

inofensivo, na rua do hospício: vaga.
no tabuleiro, mais um eclipse.

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